Tantra Pornografado

Geralmente o segundo chacra (Swadhistana) é chamado de chacra sexual. Em verdade, o sexo é a manifestação de uma das energias mais poderosas do Universo, e ele se manifesta através de todos os chacras.

Considero o primeiro chacra, raiz ou Muladhara como sendo o verdadeiro chacra sexual, pois é aqui que a energia Kundalini chega ao corpo. Aqui o sexo se manifesta na sua forma mais primitiva, de preservação da espécie, da conquista e submissão da fêmea.   O sexo carnal, o erotismo e a pornografia ativam este chacra. No homem ele é ativo e expansivo, e na mulher passivo e receptivo. Normalmente é representado como positivo no homem e negativo na mulher, sem que este negativo tenha conotação pejorativa.

Em função disto, a sociedade ocidental com sua cultura sexual e patriarcal sempre representou o princípio masculino como ativo e positivo e o princípio feminino como passivo e negativo. Isto é visto em toda a literatura esotérica ocidental.

No quarto chacra, cardíaco ou Anahata temos a manifestação do amor em todas as suas formas. Este chacra é ativo ou positivo na mulher e passivo ou negativo no homem. O amor, a sensualidade pura e a beleza ativam este chacra. O sexo se manifesta através deste chacra na forma de amor e união com o parceiro.

O Tantra é uma filosofia matriarcal centrada no chacra Anahata, que se baseia no amor incondicional, na entrega e na humildade. Aqui o princípio feminino é ativo e o princípio masculino é passivo, e existe vasta literatura esotérica baseada neste conceito.

Esta é a principal dificuldade que o ocidental enfrenta ao tentar compreender o Tantra. Muitos se dedicam ao Tantra, mas poucos entendem a sua essência. Tantra é um sistema filosófico completo, uma nova maneira de enxergar o Universo de forma extremamente livre e feliz, onde as referências ao sexo são muito raras.  Mas o que mais se encontra nos “tantristas” é a vaidade e a conotação puramente sexual.

O Tantra acaba sendo pornografado, enlatado e vendido como produto sexual nas prateleiras, vira pornografia. O mercado está repleto de cursos de “sexo tântrico” que procuram atrair desinformados em busca do sexo exótico.

Falar em sexo tântrico é o mesmo que falar em gelo quente. Tantra é uma filosofia baseada no amor, no quarto chacra.

O Ritual de Maithuna é a cerimônia mais sagrada do Tantra, possui escassas referências na literatura original, é rara, requer preparo especial e uma profunda compreensão da filosofia tântrica. É um ritual mágico repleto do amor mais puro e incondicional e é consumado pela cópula. Mas este ato não é baseado no sexo, é baseado no amor incondicional. No Tantra os dois parceiros devem vibrar na entrega, devem reviver a Deusa que possuem em seu interior e ativar o chacra Anahata. Entretanto este ritual é usado pelos “tantristas” como propaganda sexual.

É muito difícil para o homem romper com milênios de condicionamento de sexo baseado na conquista, ascender a sua Deusa interior e continuar viril. Isto é mais fácil para a mulher, mas o homem precisa ter coragem de acordar sua natureza feminina de entrega, fazer reviver a Deusa que traz dentro de si, entregar-se a sua parceira, ser um com ela e ascender em sua direção. No tantra o sexo emerge do amor, da entrega e não da conquista.

A querida kundalini repousa no chacra sexual, ela é pura energia, adora energia e é atraída por ela. Se você fizer bastante sexo carnal, ela vai adorar, vai se acomodar confortavelmente na sua casinha do primeiro chacra e repousar desfrutando de toda aquela energia sexual. Nunca vai ascender, é por isso que o Tantra não pode usar o sexo.

Para despertar a kundalini é necessário atraí-la para o chacra cardíaco pela energia do amor, é preciso ativá-lo através do amor incondicional para que ela suba em busca desta energia.

No ritual de Maithuna o orgasmo não é sexual, ele é motivado pelo amor incondicional, pela entrega que faz a kundalini ascender em direção ao cardíaco. É neste instante que as duas energias do casal se unem e prosseguem juntas em direção ao chacra coronário e além. Aqui ocorre a verdadeira realização do Ritual, onde surge o terceiro elemento mágico e o casal atinge o Nirvana em união.

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